As tecnologias sustentáveis estão hoje a transformar a nossa interação com o meio ambiente, ao integrar e considerar nos seus mecanismos, processos e no uso de recursos as dimensões ambiental e social, para lá da económica.
A tecnologia é também hoje crucial na medição de impacto no relato de sustentabilidade ESG (ambiental, social e governança), num ritmo que vai acelerar nos próximos anos. Toda a inovação tecnológica, incluindo a inteligência artificial, terá um papel significativo na melhoria das práticas de ESG, permitindo que as empresas avaliem o impacto das suas estratégias através de modelos preditivos que identificam riscos e são um motor para a mitigação.
As ferramentas que simplificam e otimizam o processo de recolha e análise de informação sobre ecossistema empresarial estão em evolução acelerada, porque têm de acompanhar as movimentações da legislação e compliance a nível europeu. A inteligência artificial vai cada vez mais permitir às empresas reduzir a complexidade da análise de dados para a redução do impacto ambiental, melhoria social e governança corporativa. Os algoritmos podem assinalar ações proativas para evitar danos significativos no meio ambiente, monitorizar emissões e o uso de recursos, otimizar processos para reduzir o desperdício e promover maior eficiência energética.
Vantagem adicional, a automatização de relatórios dá garantias de transparência e conformidade com as regulamentações e normas em vigor – e serão cada vez mais exigidas para a homogeneização, centralização e validação processual. Já estamos a assistir a essa tendência no nosso país, em torno do sistema bancário, que controla os mecanismos efetivos de distribuição de financiamento… E que vai precisar de garantias adicionais sobre as empresas e projetos para os quais canaliza capital.
A grande mudança de paradigma necessária está igualmente a ser impulsionada por consumidores cada vez mais exigentes, que querem produtos mais sustentáveis, comprovadamente. É uma grande janela de oportunidade para as marcas tecnológicas, que podem posicionar-se de maneira mais assertiva.
Não há outro caminho. Não podemos perpetuar o modelo linear de extração de recursos, promotor de desigualdade social. As tecnologias verdes não reduzem apenas o impacto ambiental. Impulsionam a economia e a qualidade de vida. Para haver equidade social tem de haver inclusão tecnológica. A interconexão entre tecnologia, sustentabilidade e sociedade é crucial para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Contudo, a tecnologia verde envolve trade offs complexos. A Ética desempenha um papel fundamental nesta interseção, devendo guiar-nos para um mundo mais equitativo, saudável e resiliente. Esse mundo é possível, escalando tecnologias que permitam decisões mais informadas, um uso mais eficiente de recursos naturais, prevendo a gestão adequada dos resíduos eletrónicos, e ajudando a tornar as nossas empresas mais inovadoras e resilientes, agentes de uma economia de baixo carbono. É possível um futuro mais sustentável para todos. Desistir não é uma opção. E não podemos deixar ninguém para trás.
Ana Cristina Chaves, coordenadora da pós-graduação ESG: Reporting e Gestão Sustentável do Iscte Executive Education
terça-feira, 30 julho 2024 23:21
in Briefing.pt posted here
Comentarios